quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Quanto vale?




Muitas pessoas me perguntaram sobre o lançamento do livro. Sobre se tudo havia corrido bem e se eu tinha vendido muitos deles, algumas vezes associando uma coisa à outra.

Particularmente vejo como duas questões separadas. Uma é se tudo correu bem, a resposta é sim, reuni muitos amigos e familiares, como há tempos não fazia e ajudei um grupo de pessoas muito especial, além de realizar algo que havia me proposto sete anos antes, a outra pergunta é sobre a venda dos livros, a resposta também é sim, foi boa, eu acho
.
Algumas vezes é difícil explicar para outras pessoas coisas que fazemos sem o intuito de ganhar dinheiro. É difícil para nós entendermos porque alguém se dedica à algo, investe tempo e o próprio dinheiro em algo que não espera ter um retorno financeiro.

Sei que estou generalizando e me incluo nesse grupo em alguns momentos, muitas pessoas fazem ações, ou tem hobbies em que não estão nem um pouco preocupadas se com isso irão ter algum lucro financeiro.

Um exemplo interessante é o de um restaurante onde vou almoçar com os colegas do trabalho. A dona é uma senhora que tem prazer em receber as pessoas em seu espaço com o maior carinho. Ela vem conversa, pergunta se a comida está boa, conta da sua vida e pergunta da nossa. Você se sente na sala de jantar dela. Porém a parte financeira é uma bagunça, ela mesma diz que tem mês que dá prejuízo e outros que consegue só pagar as contas. Ela não se preocupa com o dinheiro, para ela o fato de receber as pessoas é a sua recompensa. E como explicar isso para alguém que vê no restaurante um negócio, algo com que possa lucrar e comprar coisas que lhe trarão a felicidade.

Outro caso que conheci através de meu irmão é o de um rapaz sócio em uma academia de ginástica que ganha por volta de R$7.000,00 por mês e gasta o mesmo tanto todo mês, sem se preocupar em guardar nada. O que ele compra? Experiências. Faz viagens, sai com amigos e mulheres. Não tem carro ou casa própria. Será que ele está errado? Será que nós que poupamos, compramos e acumulamos estamos certos? Realmente não tenho uma resposta.

O interessante disso tudo é pensar que talvez estejamos caminhando para um entendimento do dinheiro como um meio para realizar desejos, sonhos, ou quem nós somos, e não mais um fim em si próprio, para ser acumulado e guardado. E se este é apenas um meio, porque não pensar em outras formas de troca, outros meios para se alcançar o que realmente buscamos, ou talvez eu esteja totalmente enganado e esta seja apenas a conversa de alguém que não tem dinheiro suficiente para realizar seus sonhos e queira mudar as regras do jogo, não sei. Se alguém aí tiver alguma resposta, por favor compartilhe.



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4 comentários:

  1. Fala Figão!

    De fato na nossa sociedade tratamos o dinheiro como um fim em si mesmo, é como se a vida fosse um jogo e ganha quem acumular mais dinheiro.

    Essa é talvez a maior disfunção do modo de vida ocidental que está destruindo o planeta, um modo de vida que propõe a liberdade mas de fato aprisiona o ser humano, um modo de vida que cada vez mais destrói qualquer vínculo entre os seres humanos que não seja o vinculo do capital. Uma sociedade sem valores onde o dinheiro reina soberano e o mercado estabelece o conceito de certo e errado.

    Acredito que o mundo é em parte o que queremos ver, e eu vejo um mundo onde as pessoas fazem o que fazem por acreditar que é importante, por terem prazer e realização pessoal ao fazê-lo, por acreditar que o que fazem é o melhor caminho para seu desenvolvimento humano e para sua contribuição para um mundo melhor. E o dinheiro é uma consequência desse trabalho, mas não uma condição.

    As vezes dou uma olhadinha nesse outro mundo, onde as pessoas não vêem perspectiva na vida além de ganhar mais dinheiro pra comprar uma TV de última tecnologia, ou pra comprar um carro novo, pessoas que perderam a capacidade de ver o mundo como uma coisa mágica e a vida como uma experiência sempre nova. E fico triste, as vezes perplexo pela capacidade do ser humano de abraçar crenças e conceitos que só o distanciam da felicidade.

    Saudades!

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  2. Ei amigos! Concordo com tudo que o Julius disse. Já ouví tantas e tantas vezes aquela conversa de "ah..isso é idealismo! Quando vc ficar velho e tiver contas pra pagar vai por o dinheiro em primeiro lugar..."

    Mesmo já estando mais velho, não concordo em nada com isso. É lógico que as responsabilidades aumentam e a gente fica mais pragmático com o mundo a sua volta, mas para mim o único dinheiro que vale a pena é aquele que é produto do que você faz com convicção e respeitando seus princípios.

    Neste mundo de quinze minutos de fama, big brothers e afins, cair na armadilha de ganhar dinheiro por dinheiro, pra ter umas bugiganguinhas é muito fácil. Acho que nunca devemos perder de vista que na verdade, nada disso importa, e o que dá satisfação é fazer o que se gosta, mesmo que pra isso a gente tenha que ralar um pouquinho mais.

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  3. Valeu pelos comentários.

    Concordo com tudo o que disseram.

    Outro dia me peguei com essa questão que o Luizão traz, se isso tudo não é coisa de adolescente mal resolvida, mas acho que não, é inconformismo mesmo, de ver que temos construído uma sociedade cada vez mais rica, mas não mais sustentável, muito pouco saudável e em muitos pontos insatisfeita consigo mesma.

    Continuo acreditando nas pessoas e isso me faz ter muitas esperanças.

    Continuamos.

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  4. Na falta de melhores palavras, uso as de George Bernard Shaw:
    "O homem sensato adapta-se ao mundo. O homem insensato insiste em tentar adaptar o mundo a si. Sendo assim, qualquer progresso depende do homem insensato."
    Sendo assim, qualquer crítica que outros venham a fazer em relação às decisões que cada um toma em sua vida, como indivíduo inteiramente responsável por sua própria vida (digo, passando da fase de responsabilizar acontecimentos e/ou terceiros), há de ser tomada como elogio.
    Ninguém pode dizer a ninguém sobre qual o caminho certo, ainda que uma discussão sobre isso pode ser muito frutífera, ou uma completa perda de tempo.
    A realidade subjetiva de cada um é uma realidade à parte. Realidade importante demais para ceder sob as pressões dos status quo e da sociedade em geral. É por isso que também é necessário cuidado na escolha das amizades e relacionamentos mais próximos. Estes serão a base para a transformação da realidade de cada um dos envolvidos.
    Quanto à "sociedade" ou "sistema"... na verdade tudo isso é apenas uma perversão de crenças fundamentadas na cultura judaico-cristã. Não apenas perversão de valores morais, como também uma mescla do instinto de sobrevivência e auto preservação fundamentada em um único ponto: o medo.
    Medo de que a vida não seja o que se espera, medo que não sejamos capazes de viver uma vida como esperamos. Medo este que governos e instituições esforçam-se para manter em corações e mentes.
    O medo é inimigo da liberdade.
    Fica uma dica: toda instituição governamental e a maioria das instituições religiosas fundamentam seu sistema em medo.
    Há tempos que o governo não serve o povo, e serve-se do povo.
    Por exemplo, qual a diferença que um governo faria no Brasil? Talvez apenas menos um intermediário no interesse de grandes corporações. Menos gente ganhando em cima de grandes transações internacionais. Talvez, temo eu, nada além disso.

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