quarta-feira, 22 de abril de 2009

Pequena história sobre responsabilidade



A responsabilidade não é algo tão simples de se explicar ou de percebermos quando estamos envolvidos em uma situação. É sempre mais fácil acharmos um culpado, “um cristo”. Alguém que receba em seus ombros toda a carga de responsabilidade pelas coisas não estarem dando certo em nossa vida.

Achar este “cristo” é ótimo, dessa forma não temos que olhar as nossas próprias falhas, erros ou defeitos, precisamos apenas nos queixar. Por um lado isso é bom, reconhecer que somos falhos em alguns momentos ou que de alguma forma colaboramos para que as coisas não dêem certo em nossas vidas pode ser um processo muito doloroso. Por outro lado assumir a responsabilidade de nossas ações e escolhas pode nos dar mais força e tranquilidade. Quando assumimos a responsabilidade, tanto nos erros quanto nos acertos, tomamos as rédeas de nossas vidas nas mãos.

Quero contar algo que aconteceu comigo outro dia.

Era uma quarta-feira e eu estava sem dormir direito, sem comer direito e com um dia cheio pela frente. Mas irei focar em apenas em um destes compromissos. Buscar minha filha na casa dos meus pais e estar de volta em casa às sete horas da noite.

Irei deixar de lado os motivos do porque deste horário, mas era importante que ela estivesse em casa as sete. Por isso prometi a minha esposa que cumpriria o horário combinado. E aí está o problema. Eu e minha esposa, por razões que não interessam neste momento, entendemos o tempo de maneira um pouco diferente. Para ela sete horas, são sete horas. E para mim, sete horas podem ser sete, sete e quinze, ou como costumo dizer, sete e pouquinho. Já percebendo que eu iria utilizar o meu “relógio” para trazer minha filha no horário, ela ficou irritada comigo e eu, por meu lado, fiquei irritado porque, na minha cabeça ela não percebia que eu tinha uma porção de coisas para resolver.

Dessa forma lá fui eu. Durante boa parte do caminho, fui remoendo aquela raiva e pensando como ela era intransigente, como ela não olhava para mim e para as minhas necessidades e que a culpa de eu estar preso no trânsito infernal das seis horas era toda dela. Eu havia achado o meu “cristo”.

Porém, em determinado momento comecei a pensar que poderia ter feito diferente. E que fora eu quem assumira o compromisso de trazer a nossa filha para casa naquele horário. Fazer as coisas daquela forma havia sido uma escolha minha, e se estava preso no trânsito das ruas apertadas de São Caetano, era porque eu tinha escolhido assim. E já que eu havia escolhido dessa forma e que havia assumido aquele compromisso eu iria cumpri-lo, da melhor maneira possível. Então a raiva se dissipou e eu continuei o meu caminho.

Vejam, eu não deixei de estar cansado, estressado, mal alimentado e preso no trânsito. E tão pouco deixei de ter os meus compromissos. Eu apenas assumi a responsabilidade por meus atos. Isso me deu força e tranqüilidade para fazer o que eu me comprometi a fazer. Se por outro lado, eu tivesse continuado a por a culpa na minha esposa por toda aquela situação, isso poderia levar a uma briga e um mal estar desnecessário.

Resolvi citar este exemplo de algo corriqueiro para mostrar que podemos assumir a responsabilidade por nossos atos a todo momento, e não só em momentos chave de nossas vidas, como a escolha da profissão, a decisão de se casar, de ter filhos, de se separar, se aposentar, e tantas outras. É muito mais uma atitude que assumimos perante a vida.

É claro que não é fácil e nem acontece da noite para o dia, mas com esforço e constância as coisas vão ficando mais fáceis.

Para terminar a história, cheguei em casa as 07hs10 e depois de uma noite de caras fechadas, fizemos as pazes no dia seguinte.



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4 comentários:

  1. É verdade, Figon.
    Mas é preciso tomar cuidado se assumimos responsabilidades ou somos responsabilizados, assim... por osmose. Acontece muito, pelo menos uma semana a cada mês.
    Mas na verdade, acho que o relógio de homens e mulheres são mesmo diferentes. Deve ser o fuso horário interplanetário...
    De qualquer maneira, sábia decisão! Muitas vezes a melhor coisa a se fazer é decidir como vamos nos sentir. Há sempre uma escolha.
    Não deixe de atualizar essa budega!

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  2. Afonso Cesário de Souza25 de abril de 2009 às 23:22

    Tiago,

    Muito oportuno esse tema.´De fato muitas vezes é mais fácil encontrar um 'cristo' do que assumir as nossas responsabilidades. Quinta-feira numa reunião com um cliente, os coordenadores do programa solicitaram que dêssemos ênfase nessa questão: a tendências dos gestores de 'terceirizar a culpa' e de assumir a posição de vítima em vez de protagonista.
    Continue.
    Bjs
    Afonso

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  3. Assumir responsabilidades é mesmo muito doloroso, mas por outro lado, implica em maturidade, crescimento e muitas outras coisas que só vem contribuir e muito com a construção da nossa propria imagem (se ver capaz de assumir seus atos - o que maravilhoso pra nossa autoestima!!!) e pros nossos relacionamentos, ja que cada um assume suas proprias coisas sem sobrecarregar os outros. E, quando a coisa aperta, agente sempre pode pedir ajuda, nao para que o outro assuma a responsabilidade por nós, mas que nos ajude a carregá-.la

    Beijos, Marcia.

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  4. Oi Ti!

    E realmente em muitos momentos da vida já procurei o "cristo" para os problemas da vida, talvés no momento me fizesse bem, mais depois logo me sentia inpaciênte.Então refletia e assumia a minha responsabilidade talvés não total mais sabia que tinha, que tenho...E sempre bom realmente ter a conciência das nossas responsabilidades e feliz aquele que consegue com sabedoria refletir antes de um ato inpensado.
    Beijos!!!
    Ana Saraiva

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