terça-feira, 25 de maio de 2010

Desapego




Nestes dias estou tendo algumas aulas práticas de despego proporcionadas pela venda da casa onde vivi a maior parte da minha vida até o momento.

E eu sei que não foi fácil para meus pais tomarem a decisão de vendê-la e que continua não sendo despedir-se do lar onde viveram 26 anos, e também para mim e meu irmão apesar de não morarmos mais lá.

A doutrina budista fala sobre o desapego e sobre como todas as coisas são transitórias, inclusive a vida. Seguindo esse raciocínio não devemos nos apegar a coisas materiais, pois estas vão deixar de existir mais cedo ou mais tarde. Mesmo pessoas podem desaparecer de nossas vidas de uma hora para outra.

Mais difícil é por em prática o desapego, quando falamos de modos de ser ou de enxergar o mundo. Modos estes que vão sendo construídos aos longo da vida, e que por um motivo ou por outro nos vemos obrigados a pelo menos questioná-los, para que possamos lidar com novas situações que a vida nos impõe.
O que fazer então?

Ser mais flexível e tolerante consigo mesmo e com os outros. Viver o momento com a devida importância, já que ele é único. Amar as pessoas como se não houvesse amanhã, como diz Renato Russo, mas sem também se tornar dependente destas pessoas, responsabilizando-as pela nossa felicidade e bem estar. E no meu caso especificamente, saber que um lar não é feito de tijolos, azulejos, portas e grades, mas das pessoas que nele habitam, do amor depositado por estas pessoas e dos momentos vividos com parentes, amigos e amores.

Quero aproveitar e agradecer a todas as pessoas com quem convivi, festejei, amei, briguei e chorei, pelos bons momentos que vivemos nesta casa e principalmente a meus pais por terem escolhido este lugar onde pudemos viver tão bem e tão felizes e pelo exemplo de desapego e de coragem para recomeçar quando muitos estariam se preparando para se acomodar e aguardar. Obrigado.

E à família que agora irá ocupá-la, desejo toda a felicidade do mundo.

Enquanto isso já estou na minha quinta casa, e espero até o ano que vem construir uma para mim e minha família, e quem sabe bater meu recorde pessoal de dezessete anos num mesmo lugar. Quem sabe....



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Um comentário:

  1. É isso aí Figão!
    Um brinde aos bons tempos, e que venham mais!

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